Foto: divulgação

12º Encontro da Plataforma de Territórios Criativos no Caldeira

O encontro, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac), por meio do RS Criativo, e pela organização internacional Conexiones Creativas, teve como pano de fundo o impacto devastador das enchentes de 2024 no estado.

Entre os destaques, o painel A crise climática e os distritos culturais e criativos, com Antonia Wallig, Cultural manager da Vila Flores, e Junior Torres, coordenador da CUFA-RS, expôs experiências locais de enfrentamento à tragédia. Durante o painel sobre os impactos das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, Antonia trouxe à tona a importância de pensar os territórios criativos como núcleos de resistência e reconstrução não apenas física, mas também simbólica. O debate ressaltou como espaços culturais atuam como pontos de acolhimento, organização comunitária e preservação da memória coletiva em contextos de crise climática.

O urbanista britânico Charles Landry, criador do conceito de “Cidade Criativa”, destacou que momentos de crise, apesar de dolorosos, podem ser catalisadores de inovação.

Em tempos de mudança dramática, é preciso criar condições para que pessoas, organizações e cidades pensem, planejem e ajam com imaginação. disse. 

Para Landry, a chave está na atitude: uma cultura do “sim” em vez do “não”, um espírito de abertura e cooperação.

Essa cooperação foi outro eixo forte do evento. A assinatura de um memorando de entendimento entre os participantes marcou um compromisso de longo prazo com a articulação internacional entre territórios criativos. “Os distritos culturais e criativos devem ser vistos como áreas públicas, lugares de encontro, debate e reconstrução democrática. São pulmões vivos da cidadania”, afirmou Paula Trujillo, diretora de estratégia e co-fundadora da Conexiones Creativas. Ela ressaltou ainda as semelhanças entre Porto Alegre e Medellín, ambas cidades resilientes que, após períodos sombrios, apostaram na cultura como motor de transformação.

A discussão sobre políticas públicas também ocupou espaço relevante. Para María José Gómez, da Colômbia, as políticas são fundamentais, mas insuficientes se não estiverem aliadas ao protagonismo comunitário.

É preciso construir com quem vive ou trabalha no território. Não se pode colonizar com ideias novas sem escutar quem já está ali. 

Ela defende alianças entre público, privado e sociedade civil como estratégia essencial para criar projetos sustentáveis e duradouros

No painel “Brasil e sua aposta nos distritos culturais e criativos”, Alessandra Keiko, produtora audiovisual e cultural e gestora pública em Mato Grosso, compartilhou os desafios de atuar em um estado de grande extensão territorial e diversidade étnica e biocultural. “Temos 43 etnias indígenas, três biomas e mais de 1.200 comunidades quilombolas. Não há um modelo único. É preciso entender a maturidade, as especificidades e os potenciais de cada território”, destacou. Ela apontou a necessidade de fortalecimento de dados, governança e reconhecimento da cultura como setor econômico estratégico, especialmente em estados ainda muito pautados pela monocultura.

Já Léo Porto, gestor do Centro Cultural Porto Dragão, no Ceará, reforçou a importância de redes colaborativas como estratégia para acelerar avanços e trocar metodologias. “Não temos mais tempo a perder. Precisamos entender o que já funciona e como adaptar ao nosso contexto. O intercâmbio com outros estados e países é essencial”, destacou.

Sediar o evento neste momento foi simbólico e necessário, aponta Eduardo Loureiro, secretário de Cultura do RS.

A realização aqui é um marco. Estamos num processo de reconstrução e os distritos criativos são parte fundamental dessa resposta. Eles geram emprego, inclusão e inovação. São hubs que articulam passado, presente e futuro.

Ele destacou ainda que iniciativas como o RS Criativo têm justamente esse papel de impulsionar políticas para multiplicar experiências de sucesso.

Além dos debates, o encontro promoveu visitas técnicas a cidades como Santa Maria e Caxias do Sul, permitindo contato direto com territórios criativos em diferentes estágios de desenvolvimento. Gregorius, da Rede Global de Distritos Culturais (GCDN), enfatizou que “essas conexões presenciais, mesmo que simples, são poderosas. É nelas que surgem as colaborações mais férteis. A criatividade está em todos os territórios, mas ninguém tem todas as respostas sozinho”.

Ao fim dos quatro dias, ficou clara a necessidade de pensar os territórios culturais e criativos como ecossistemas vivos. Não apenas espaços de inovação econômica, mas também lugares de cuidado, pertencimento e transformação coletiva. Como lembrou Paula, “precisamos olhar menos para o evento em si e mais para o que ele pode deixar como legado. Os distritos criativos são sementes de futuro. Cabe a nós garantir que floresçam com equidade, diversidade e compromisso com o bem comum”, enfatizou.

INSTITUTO CALDEIRA

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Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

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