Com uma programação diversificada, o congresso abordou no último dia desde transtornos emocionais até avanços no cuidado neonatal. A programação de sábado (17/05) começou com um painel dedicado à depressão e ao suicídio na infância e adolescência, coordenado por Maria Teresa Nardin (RS) e apresentado pela conferencista Berenice Rheinheimer (RS), que destacou a importância do diagnóstico precoce e do suporte psicológico nesses casos.
“Depressão é um conjunto complexo de sintomas que vai muito além da tristeza momentânea ou da saudade por alguma perda. Entre crianças e adolescentes, esses sinais muitas vezes passam despercebidos, mas precisam de atenção e cuidado para evitar que se tornem um sofrimento ainda maior”, declarou Berenice Rheinheimer.
Ela também ressaltou que a visão sobre o suicídio varia ao longo da história e entre diferentes culturas.
“Enquanto algumas sociedades o encaram como uma escolha pessoal, associada à liberdade do indivíduo, outras o tratam como um tabu, muitas vezes influenciadas por aspectos religiosos que o associam a um pecado. Contudo, com o avanço da ciência, ficou claro que o suicídio está frequentemente relacionado a questões de saúde mental, com estudos indicando que cerca de 95% das mortes por suicídio envolvem algum transtorno mental. Por isso, é fundamental identificar e tratar esses problemas precocemente, para reduzir significativamente os índices de mortalidade”, afirmou.
A coordenadora do debate Maria Teresa Nardin, reforça que os jovens geralmente chegam primeiro ao pediatra, não ao psiquiatra.
“Por isso, é fundamental que o pediatra esteja preparado para identificar os sinais iniciais de sofrimento, como a automutilação, e valorizar esses indicativos, investigando a fundo. Mesmo sendo um tema que provoca desconforto, precisamos falar sobre ele, pois ignorá-lo pode ter consequências graves”, declarou Maria Teresa Nardin.
Outro momento de destaque foi a conferência sobre escores de sepse na prática pediátrica diária, conduzida pela presidente da sessão, Patrícia Miranda do Lago (RS), e ministrada pela especialista Daniela Carla Souza (SP), que explorou as limitações e benefícios do uso desses escores no atendimento de pacientes pediátricos.
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
A discussão sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) trouxe uma perspectiva multiprofissional, com a coordenação de Ricardo Sukiennik (RS) e a participação de debatedores como Rudimar dos Santos Riesgo (RS), Simone Sudbrack (RS), Leticia Ribas (RS), Angela Grasioli e Thais dos Reis Bueno. Simone Sudbrack, chamou atenção para importância do olhar multidisciplinar.
“O autismo é de uma tamanha complexidade que não dá pra gente olhar né só pra uma área do desenvolvimento. A gente precisa olhar pra várias áreas que vão, desde o comportamento, cognição, comunicação até integração sensorial. Então é algo bastante complexo e por isso a gente precisa que os profissionais conversem entre si que façam essas pontes que são tão importantes para o cuidado com a criança”, afirmou.
Temas Livres
Durante a sessão de temas livres, trabalhos científicos foram apresentados e premiados por especialistas como Marcelo Pavese Porto (RS), João Carlos Batista Santana (RS), Patrícia Miranda do Lago (RS) e Denise Leite Chaves (RS), reconhecendo avanços significativos na prática pediátrica. O encerramento do congresso foi marcado pela sessão “Direto ao Ponto”, que trouxe atualizações sobre manejo neonatal e hematologia, abordando temas como o cuidado com recém-nascidos expostos à sífilis, o uso de probióticos em prematuros e as novas diretrizes para suplementação de ferro, com palestras de Luciana Friedrich (RS), Rita de Cássia Silveira (RS) e Virginia Tafas da Nobrega (RS).
Redação: Marcelo Matusiak
Sobre a Sociedade de Pediatria do RS
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul foi fundada em 25 de junho de 1936 com o nome de Sociedade de Pediatria e Puericultura do Rio Grande do Sul pelo Prof. Raul Moreira e um grupo de médicos precursores da formação pediátrica no Estado. A entidade cresceu e se desenvolveu com o espírito de seus idealizadores, que, preocupados com os avanços da área médica e da própria especialidade, uniram esforços na construção de uma entidade que congregasse os colegas que a cada ano se multiplicavam no atendimento específico da população infantil. Atualmente conta com cerca de 1.750 sócios, e se constitui em orgulho para a classe médica brasileira e, em especial, para a família pediátrica.