Evento promovido pelo Sistema FIERGS, nesta terça-feira (27), debateu soluções sustentáveis para driblar prejuízos por eventos climáticos no RS
O investimento em práticas de irrigação é apontado como uma importante ferramenta para aumentar a produtividade e a competitividade na agroindústria gaúcha, ajudando a mitigar os prejuízos bilionários causados por eventos climáticos extremos. Somente entre 2020 e 2024, o agronegócio do estado sofreu perdas de R$ 319 bilhões devido à estiagem, conforme estimativa da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Essas considerações foram apresentadas por especialistas durante o evento Irrigação e Segurança Hídrica: Caminhos Para a Evolução Sustentável da Agroindústria na Reconstrução do Estado, promovido pelo Sistema FIERGS nesta terça-feira (27). Reunindo autoridades governamentais, representantes da indústria, produtores rurais e especialistas técnicos, a iniciativa reforçou a urgência do debate sobre soluções concretas para enfrentar as secas e inundações devastadoras que historicamente atingem o Rio Grande do Sul.
Na visão do presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier, a irrigação é um dos suportes para a estabilidade econômica, social e ambiental do estado. Por isso, considera fundamental desenvolver medidas estratégicas urgentes para lidar com o problema e garantir a competitividade do setor. “A irrigação é o maior seguro que podemos dar, não só para a agricultura gaúcha, mas também para as nossas indústrias”, enfatizou.
O coordenador do Conselho da Agroindústria (Conagro) da FIERGS, Alexandre Guerra, reforçou a importância do tema para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul e salientou que o órgão trabalha em um projeto de irrigação desde 2021, realizando levantamentos e reunindo dados para medir as consequências da falta de água e os benefícios da medida. “Cada milímetro de água guardado gera 2,5 empregos quando se fala no cultivo de milho. Isso mostra o diferencial que traz para nós do setor quando se trabalha a irrigação”, exemplificou.
POLÍTICAS ESTADUAIS
Entre os painelistas convidados para o evento, estava a secretária estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, que destacou as políticas e estratégias desenvolvidas pelo governo do estado nos últimos anos para a consolidação da irrigação no RS. Além de ressaltar a relevância econômica do tema, a representante da pasta enfatizou a necessidade de alinhar o desenvolvimento e a proteção ambiental.
“Se soma a importância da irrigação como uma atividade da agricultura de baixo carbono, como uma atividade que potencializa a nossa capacidade de ter um solo coberto e de emitir menos gases de efeito estufa, contribuindo positivamente para a redução daqueles efeitos de mudanças climáticas locais”, pontuou.
O secretário estadual da Agricultura, Edivilson Brum, apresentou dados relacionados aos efeitos da estiagem no estado, chamando a atenção para as quebras de safras, com consequente alta volatilidade econômica, e quedas no Produto Interno Bruto (PIB). Também destacou que o Rio Grande do Sul perde competitividade em diferentes setores, devido à falta de irrigação: “Apenas 4% das áreas de sequeiro no Rio Grande do Sul são irrigadas. Isso é muito pouco diante dos desafios climáticos que temos vivenciado nos últimos anos. Então, o governo do estado está fazendo projetos para fomentar a questão da irrigação”.
Diante desse cenário, o advogado e consultor tributário Luiz Antônio Bins reforçou a importância do Fundopem da Irrigação, um programa de expansão da agricultura irrigada no Rio Grande do Sul, cuja criação é defendida há anos pelo presidente Claudio Bier. “As finalidades do Fundopem da Irrigação são reduzir os efeitos climáticos, a insuficiência hídrica na nossa atividade agropecuária, evitar perdas de produção em decorrência de estiagem e seca, aumentar a produtividade e qualificar o produto agrícola gaúcha”, detalhou Bins.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O segundo painel do evento contou com a participação do diretor técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Gabriel Simioni, e do chefe do Departamento Agrossilvipastoril da Fepam, Cristiano Prass. Durante a conversa, mediada pelo executivo do Conagro, Tiago Pereira, foram apresentadas informações sobre os avanços relacionados ao licenciamento ambiental de sistemas de irrigação no Rio Grande do Sul.
Por fim, o encontro abordou os avanços, tecnologias e práticas inovadoras da irrigação no estado, a partir do depoimento do vice-presidente da Cotrisoja, Adriano Borghetti, do gerente na Cotripal Agropecuária Cooperativa, Tiago Kuntz, e do gerente corporativo PD&I da Fockink, Alejandro Meyer.